Demencia

Na decadência deste mundo
Vão deixando a descedência mais imunda.
Desce a decência
Desde a nascença.

O Mundo é redondo...

...Os que estão em cima
Têm a vida de pernas para o ar.
Os que estão lá em baixoNem conseguem sonhar
Em como a endireitar.

Fantasmas

É um espaço assombrado

Cheio de caixinhas fechadas...

Mal fechadas.

Dentro de cada uma, um fantasma

Fantasma presente do passado

Fantasma não ausente do futuro.

Um simples abalo

É só isso que precisam

Para que elas se abram

Para que eles acordem...

Para catapultar cá para fora.

Depois disso ninguém entende,

Ninguém se entende...

Meu

Nem tudo o que me pertence
Me pertence completamente.

Sou um albergue de pertences

Que tenho a pretensão de serem meus.

O velho

Sentado na entrada de casa olha ao seu redor e dentro de si.
Ao seu redor uma praça deserta. Dentro de si recordações...
Aquela porta que agora se abria e fechava apenas para ele foi outrora palco de inúmeras histórias.
Histórias que hoje poderiam ser contadas em maior número que os tostões que tem no bolso, mas que não o são pois são sentidas com a mesma intensidade que a solidão que todos os dias lhe dá os bons dias.
O passar do tempo nunca o assustou... assusta-o ver apenas o tempo passar.

Medo

Medo, tenho medo.
Tenho-te constantemente
E não te queria.
Não sempre...

O Mundo...