
Pelas ruelas percorridas encontrava outras que como ela viviam naquele escuro beco em que se transformavam as suas vidas quando vestiam as roupas reduzidas e o calçado vertiginosamente alto.
A noite camuflava aqueles que à luz do dia atacam com as suas criticas, ocultava os olhares de censura de quem tinha mesa farta, e dissimulava os que cuspiam para o chão à sua passagem.
No entanto era de dia que se sentia mulher. Quando abraçava os seus filhos ao amanhecer, lhes preparava o pequeno almoço e os beijava antes de irem para a escola. Depois saia para a rua à procura de emprego e a resposta era sempre desoladora:
- Desculpe mas não tem a escolaridade necessária.
- Infelizmente a vaga já foi ocupada.
- Não tem perfil para o lugar.
Nunca lhe deram oportunidade de estudar, sempre viu todos os lugares ocupados e o seu perfil... ela não sabia o que era.
E a noite caia...
E voltava a caminhar pela noite coberta pelo seu manto.
E um dia encontrou o mais tranquilo dos repousos...
A morte!
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